Amor em tempos de pandemia

Se na entrada de 2020, algum expedito nos quisesse explicar que o “vírus chinês” do qual íamos tendo notícias intermitentes, ia obrigar o mundo (quase) inteiro a ficar em casa, ia no mínimo, dar descanso ao Trump e ao Bolsonaro um tempo, como alvo de ridicularização pública.

Na verdade, temos cultivado uma sensação transversal de sermos parte de uma geração de intocáveis que afortunadamente nunca experimentou os verdadeiros males da humanidade – epidemias e guerra.

Esta sensação, fermentada durante algumas décadas, foi alimentando uma vaidade e uma soberba que culminou no maior desrespeito de que há registo de uma espécie para com o planeta… E estranhamente, nesta perspetiva, somos nós próprios a corresponder à definição de “vírus”.

Até que um dia, um desses males chega e entra sem bater à porta.

Ainda a procissão ia no adro e já tínhamos a primeira grande lição. Afinal a nossa invulnerabilidade era tão sólida e tão real como a sensação de que superaríamos uma qualquer calamidade com coragem, civismo e consciência. E espantemo-nos (ou talvez não), assim que foi dado o tiro de partida, a corrida aos bens de primeira necessidade (e até de segunda e terceira) trouxe à tona uma faceta semi-adormecida de civilização egocêntrica e autocentrada… Nada como um cheirinho a perigo para construir em casa uma “pequena muralha da China – versão rolo de papel higiénico”.

Mas a realidade é o foco e esse colocamos onde queremos. De facto ao longo destas primeiras semanas, temos tido exemplos maravilhosos de humanismo e de Amor incondicional que nos tem de fazer acreditar na humanidade.

O esforço sobre-humano dos profissionais de saúde (e auxiliares!) de linha da frente – em condições de trabalho precárias a olhar o inimigo olhos nos olhos, salvando vidas todos os dias, com a deles próprios em risco. As noites sem dormir, família à distância e muitos deles a caminhar para um diagnóstico inevitável da tal infeção. Esta boa gente é exemplo vivo daquilo que nos pode salvar.

Os que saem do conforto e segurança da quarentena para voluntariamente ajudar aqueles cuja quarentena é menos confortável e ainda menos segura.

Os que se dedicam a proteger a geração que tem perdido mais batalhas contra o vírus… Seja em lares, centros de dia ou no auxilio individual nas suas próprias casa.

Os que contra a maré de medo, se mantêm ativos nas suas funções ou nas suas empresas. Não pelo negócio, mas por saberem que fazem a diferença a proteger ou ajudar alguém.

Na verdade, o que nos pode salvar a todos não são máscaras nem o isolamento. Não é o sistema imunitário nem a vacina.

Na verdade, só o Amor é que nos salva a todos. Foi a frase mais bonita que alguma vez ouvi… E sim… é o Amor com “A” maiúsculo que guia cada um de nós a oferecer ao mundo o melhor que tem em si e criar uma corrente inquebrável que nos conecta a algo muito maior que nós. Pelo menos maior que cada um de nós individualmente.

Depende de cada um fazer desta fase um momento de reflexão e transformação individual, para entender de que forma é que o Amor que tem em si nos pode salvar. Tudo o resto, virá em cascata.

Aproveite por momentos para fechar os seus olhos, respirar fundo, agradecendo o ar que lhe enche os pulmões e acredite que tem algo para oferecer a alguém.

 

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